Festival Internacional de Cinema de Itabaiana consagra filmes que celebram diversidade, ancestralidade e sensibilidade social
- Cândida Santos de Oliveira
- 8 de ago.
- 2 min de leitura

O cinema independente brilhou mais uma vez no Festival de Cinema de Itabaiana, encerrado no último sábado dia 2 de agosto, na cidade serrana de Itabaiana (SE). Com 85 filmes selecionados entre 2385 inscritos, o festival reafirmou sua missão de valorizar produções autorais, acessíveis e conectadas com as realidades e sentimentos do público.
Entre os grandes destaques da edição 2025 está o curta “Mestre Orlando do Couro – ancestralidade viva na pele talhada”, do sergipano Bruno Marques, eleito Melhor Filme Sergipano. Emocionado, Bruno afirmou que o reconhecimento reafirma o propósito do projeto:
“Nosso filme está cumprindo o papel de emocionar e passar a energia do Mestre Orlando, um artista do sertão que talha não só o couro, mas a memória e a identidade de um povo. Produzido com recursos da Lei Paulo Gustavo e com muito afeto familiar, o filme nasce no sertão e ganha o mundo. Já são três prêmios, e este é muito especial, por ser em casa, em um festival que valoriza o cinema feito no interior”.
Na categoria Melhor Filme Nacional, o premiado foi “Dois Nilos”, de Samuel Lobo e Rodrigo de Janeiro, que também levaram o prêmio de Melhor Roteiro. Já o título de Melhor Filme Internacional ficou com “My Father is Afraid of Water”, do indiano Prateek Rajendra Srivastava, que emocionou o júri com sua abordagem sensível e universal.

A escolha do júri popular foi o filme “Como Nasce um Rio”, da diretora Luma Flores, que celebrou o carinho do público. “Receber o prêmio do júri popular é emocionante. É sinal de que a mensagem do filme - sobre amor, desejo e autodescoberta - chegou às pessoas. ‘Como Nasce um Rio’ é uma história sensorial e afetiva, protagonizada por duas personagens LGBTQIA+, e fico muito feliz em ver que o público acolheu essa narrativa com tanto afeto”.
Na categoria Melhor Videoclipe, o premiado foi “Balanceio de Amor”, dirigido por Abraão Oliveira, que destacou a força das raízes populares e da estética analógica. “Usei película 16mm e luz dura para construir uma estética que exaltasse os afetos, os corpos e a dança popular. Foi um desafio técnico e artístico que trouxe poesia ao clipe”.
Outros premiados da noite foram:
• Direção: Thiago Minamisawa, por Kabuki
• Ator: Ramon Barea, por 29 Febrero
• Atriz: Claudia Riera, por El mal donat
• Fotografia: Alan Mendonça, por Aurora
• Direção de Arte: Letícia Campos, por O céu não sabe meu nome
• Trilha Sonora: Churi José González, por La Compañía
• Som: Flávia Pratts, por Kabuki
• Edição: Daniel Bengoetxea, por 29 Febrero
• Menção Honrosa: O medo tá foda

O coordenador geral do FestCine, Andrei Ferreira, celebrou a força do audiovisual independente. “O FestCine é resistência, é afeto e é transformação. É gratificante ver que conseguimos reunir produções tão potentes, que tratam de temas urgentes e tocam profundamente o público. O cinema segue sendo ferramenta de escuta, empatia e mudança social”.
Com sessões gratuitas e envolvimento direto da comunidade, o Festival de Cinema de Itabaiana mais uma vez mostrou que “o cinema transforma”, como reforça o lema desta edição. Que venham mais rios, histórias, frames e revoluções.
Comments